quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Que bandeira é essa ?

É tempo de eleição e tenho visto nas ruas os agitadores de bandeiras. Parada no trânsito, pude dedicar minha atenção às pessoas que seguram e balançam essas bandeiras. É uma coisa que me incomoda. Sempre que passo, olho e observo.
Mas não é a bandeira que me aparece, mas o ser humano que a segura. Sempre penso que poderia ser eu.
Busquei informações sobre quanto eles recebem por este trabalho. Também li algumas matérias sobre isso. Alguns jornais destacam: "Ano de campanha eleitoral é a salvação para diversas famílias. Partidos pagam um salário mínimo por oito horas diárias sem direito a lanche". /"Sem muros, eleição terá mais bandeiras". / "Agitadores de bandeiras de candidatos em BH preferem salário a ideologia. " (..)

Pelo que tenho lido, essas pessoas recebem cerca de R$9,00 a R$15,00 por dia para ficarem em pé balançando bandeiras.

Mas o que me desperta aos olhos é a postura dessas pessoas. Parecem perdidas. As mulheres carregam suas bolsas. Ninguém usa uniforme. Estão de chinelo, bermuda, roupa rasgada. Não há vínculo entre o dono do nome da bandeira e a pessoa que a balança.
Os ombros em geral são caídos. O olhar, o mais significativo, sem rumo, principalmente quando estão sozinhos, distantes dos companheiros de trabalho. Quando não existe uma brincadeirinha ou um carro de som para se refugiarem do constrangimento de segurarem uma bandeira, que por sinal não lhes representa nada.

Ontem fiquei muito tempo olhando essas pessoas. Havia um trio elétrico embalando o "jingle" do candidato. Um agitador de bandeira dançava pagode, como se estivesse em um programa de auditório. Já a companheira do lado olhava para baixo. Sua bandeira balançava com o vento.
Só dava para ver a cor. O nome do candidato não. Mas não faz diferença ter algo escrito.

Que falta de cuidado do político que se serve dessas pessoas. Ele nem sabe quem são elas. Também não deve saber para que a bandeira que lhe representa existe.

Isso é a mostra pura e verdadeira de como vive o brasileiro. De como está a situação de nosso país.

A esperança não está na bandeira. Deve estar no olhar de quem a sustenta.

Para mim, não há nada que deponha mais contra o candidato do que suas bandeiras erguidas por pessoas que estão esquecidas.

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Um comentário:

shiver disse...

eu tb noto esse disparate, um equívoco do marketing político que lança mão de pessoas que só tem a lembrança dos patrões nessa época.
A falta de educação os deixa apáticos, anônimos e com vontade largar a bandeira logo pra chegar em casa e ligar a babá eletrônica noveleira. Lamentável isso e tanta coisa nesse país.